Rastejando no chão, qual lagarta, o eu humano em seu estágio inicial de evolução,
só tem olhos e pernas para lutar pela sua alimentação;
rasteja por milênios, mudando apenas de formato, mas sua alma ainda não reconhece seu potencial, para ser, num alvorecer distante, uma borboleta de beleza cativante!
Algum dia então, ouve falar da capacidade de transformação, e que o eu humano é apenas um estágio da evolução espiritual, a dizer o inicial, e que é preciso buscar pelas alturas, por conhecimentos, para saber como processar os movimentos da transformação, que se iniciam por dentro e geralmente são de longa duração, tão longa, que o eu-lagarta, cético e cansado, tem épocas que desiste de crer que algum dia vai ser um ser encantado, tal como uma borboleta, batendo asas, voando livre, leve e solta pelo planeta!
E então se depara, com conhecimentos diversos mas nem todos tem a informação completa, de como uma lagarta se transforma numa borboleta - alguns apenas buscam polir a lagarta-eu e pintá-la com cores, outros buscam apenas abafar as dores de suas existência rastejante, mas e o semblante maravilhoso, onde estará o segredo glorioso?
Quando o eu-lagarta se cansa de melhorar sua figura rastejante, eis que aparecem os Mestres-Borboletas, seja na forma de um livro, de um conceito, de uma intuição, e num processo delicado, o eu-lagarta começa a se transformar no Eu-Crisálida, e a lembrança do eu-lagarta vai se tornando pálida, e embora não consiga entrever seu futuro ser, mas confia nos Mestres da Luz e faz o melhor que puder.
Anos, décadas se passam e o Eu-Crisálida já não sabe mais definir sua identidade, vive de crise em crise, ansiando pela tão bela Liberdade, e tem fases de ceticismo, de revolta, e de dor, mas algo o impele, pois agora é tarde para voltar, o Eu-Crisálida está em plena gestação e só lhe resta seguir em frente até a gloriosa Libertação.
Muitas coisas são sugeridas como essenciais durante esta longa jornada, e algumas são apenas vitais em determinadas fases, outras são cruciais, e diferenciar o que é preciso largar e o que é preciso cultivar exige um treino feroz, é preciso desenvolver um discernimento veloz, sem medo de errar, sem medo de pecar, pois senão o estágio-Crisálida vai se arrastar e cansar demais a caminhada.
Eis que um belo dia, em que já não sabe mais em que fase está, se falta muito ou pouco, se ainda está são ou louco, o EU-BORBOLETA surge de repente, como se tivesse sido criado naquele instante, e causa espanto a si e aos demais e quase não acredita que encontrou a Paz!
A PAZ de ter completado seu ciclo por este planeta, onde as lagartas ainda são a maioria e as crisálidas se contorcem de dor, ansiando pelo momento de pousar, com suas diáfanas asas, sobre alguma FLOR e se aquecer ao SOL e compreender o mistério da TRANSFIGURAÇÃO, que torna um ser humano em um ser divino, tal como demonstrou com seu exemplo Jesus e tantos outros, que mostraram a seus povos, como transformar seus átomos materiais em PURA LUZ!