sexta-feira, 25 de março de 2016

O CRISTO CÓSMICO!




  1. 6 “NINGUÉM VAI AO PAI A NÃO SER POR MIM.

  2. ”Nenhum judeu, nenhum muçulmano, nenhum chinês, nenhum persa estará disposto a aceitar esta afirmação categórica de Jesus, no sentido em que certos cristãos costumam tomá-la. A maioria da humanidade não pertence ao cristianismo eclesiástico, organizado. Reconhecem como seus chefes espirituais a Moisés, Maomé, Krishna, Buda, Zaratustra e outros.Afirmação categórica como a que encima este capítulo, quando tomada no sentido costumeiro, desune a humanidade, criando ódios sectários e guerras de religião. Entretanto, a culpa desses males não cabe ao inspirado autor destas palavras, mas à falsa interpretação dos que se dizem seus discípulos, sem possuírem o espírito do grande Iluminado.Todo o mal está na confusão de dois elementos distintos: Jesus e o Cristo. 

  3. O Divino Logos, ou Verbo, se uniu inseparavelmente ao humano Jesus, mas essa união não aniquilou a distinção entre os dois elementos, divino e humano. O eterno Logos, depois de se unir a Jesus, filho de Maria, chama-se o “Ungido”, ou, em grego, o “Christós”. Nenhum homem que não receba essa mesma unção (“chrisma”) do espírito de Deus pode ir ao Pai. Ninguém vai a Deus a não ser através da unção do espírito de Deus. A nossa natureza humana deve ser tão penetrada  e permeada do espírito de Deus que possamos dizer com Jesus Cristo: “Eu e o Pai somos um”. É nisso que consiste a verdadeira redenção e salvação do homem: na realização dessa suprema cristificação. 

  4. Por espaço de diversos anos fui discípulo de um grande mestre espiritual oriental, e nunca ouvi de lábios cristãos maiores apoteoses ao Cristo do que da parte desse gentio. Nas aulas de filosofia e nas funções litúrgicas, esse hindu só falava no Cristo, e o volume de 101 orações por ele compostas só falavam do Cristo como único caminho à comunhão com Deus. Nenhuma estranheza nos causava a nós, discípulos do brâmane hindu, essa sua atitude essencialmente cristã, porque todos nós sabíamos que pela palavra “Cristo” não entendia ele algum indivíduo humano, fundador duma determinada religião ou igreja: não entendia a Jesus de Nazaré, filho da Virgem Maria, mas sim o
  5. 7. eterno Lógos, o espírito de Deus de que fala o princípio do quarto Evangelho, o espírito eterno, absoluto, infinito, que se fez carne e habitou – e continua a habitar – em nós: “Eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos”, “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, lá estou eu nomeio deles”. 

  6. Em tempo algum da história da humanidade deixou o divino Logos de habitar em nós; mas nem sempre encontra veículos humanos assaz receptivos e puros para se manifestar com tamanho esplendor como fez na pessoa de Jesus de Nazaré, “cheio de graça e verdade”. O divino Logos encarnou-se em Moisés, em Isaías, em Jó, em Krishna, em Buda, em Zaratustra, em Maomé, em Gandhi, e muitos outros veículos humanos. Quando colocamos uma luz sob um recipiente opaco, nada percebemos dessa luz, embora ela esteja presente. Se lhe dermos um invólucro translúcido, percebemos a sua presença de um modo indireto. Mas se essa mesma luz dermos um cristal transparente, a veremos em toda a sua claridade. Em Jesus de Nazaré encontrou o divino Logos a mais perfeita expressão até hoje conhecida aqui na Terra, e por isso nós cultuamos o Cristo em Jesus como o apogeu das revelações da Divindade. 

  7. Grande parte da humanidade não consegue ainda compreender a verdade da imanência de Deus no mundo, e a imanência do Cristo no homem. É bem mais fácil, para o homem comum, compreender a transcendência de Deus e do Cristo – o Deus para além do mundo, e o Cristo fora do homem – do que a sua imanência no mundo e no homem. Muitos transcendentalistas receiam o conceito da imanência porque lhes parece destruir a transcendência. Entretanto, laboram em erro! A afirmação da imanência não nega a transcendência: pelo contrário, esta inclui aquela, e aquela inclui esta. O Deus que está para além do mundo está também dentro do mundo e o Cristo que estava e está em Jesus está também em cada um de nós, uma vez que ele “é a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo”. 

  8. O Cristo interno é o Cristo externo, assim como o Deus imanente é o Deus transcendente. Mas a compreensão dessa verdade supõe notável maturidade espiritual, que nem todos os homens possuem ainda. As formas visíveis do invisível Logos sucedem-se, no tempo e no espaço, percorrendo diversos graus de perfeição ou imperfeição, consoante o maior ou menor grau de receptividade de seus veículos humanos temporários. Mas o eterno espírito de Deus, o Logos, paira acima dessas vicissitudes múltiplas e multiformes – assim como as ondas na superfície do mar se sucedem em formas várias sem que o oceano deixe de ser sempre um e o mesmo, assim
  9. 8. como a vida universal do cosmos se concretiza e visibiliza sem cessar em milhares e milhões de organismos vivos individuais, sem aumentarem nem diminuírem a Vida em si mesma.

  10.  ***Em véspera de sua morte, dirigindo-se ao Pai eterno, diz Jesus: “Glorifica-me, ó Pai, com aquela glória que eu tinha em ti, antes que o mundo fosse feito! 
  11. ”Quem tinha essa glória antes da creação do mundo? Certamente não o Jesus humano, que não existia ainda, mas sim o Cristo divino, que estava com Deus, e encarnou no filho de Maria.“Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” Abraão, Moisés, Davi e muitos outros foram ao Pai por meio do Cristo, muito antes que esse Cristo se tivesse revelado em Jesus. A redenção vem do Cristo. “Eu sei que meu redentor vive!”– exclama Jó, no meio dos seus sofrimentos, professando a fé no Cristo Redentor, milênios antes do nascimento de Jesus. 

  12. ***O nosso tradicional dualismo ocidental opõe barreira à evolução dessa consciência do nosso Cristo interno, imanente. Para a maioria dos cristãos, o Cristo é apenas aquele homem que, há quase dois mil anos, viveu em terras longínquas, e no qual se deve crer, sem jamais poder experimentá-lo vitalmente, aqui na Terra, assim como Paulo de Tarso o vivia quando exclamava: “Já não vivo eu – o Cristo é que vive em mim!

  13. ”Seria grotesco supor que Paulo acreditasse que a pessoa humana de Jesus tivesse tomado posse dele, de maneira que nele houvesse uma duplicata de personalidades, uma chamada Paulo e a outra chamada Jesus. O que o apóstolo quer dizer é que nele acordou o Cristo que nele estivera dormente tantos anos, o mesmo Cristo que em Jesus estava gloriosamente operante. É, pois, necessário que todo homem que queira ir ao Pai acorde em si o Cristo e o faça soberano da sua vida, porque a todos aqueles “que o recebem dá-lhes ele o poder de se tornarem filhos de Deus”.
  14. “Ninguém vem ao Pai senão por mim.
  15. ”Ninguém alcança a redenção, o reino dos céus, a não ser que nasça de novo pelo espírito.
  1. 17. Como posso amar afetiva, intelectiva e até fisicamente um Ser que é puro espírito? Como podem o coração, a mente, o corpo atingir esse objeto de amor? De fato, se Deus fosse apenas um Deus transcendente, puro espírito abstrato,só os puros espíritos o poderiam amar; mas, sendo Deus, além de transcendente às suas obras, também imanente em cada uma das suas creaturas, é possível que o amemos também com o coração, com a mente e com o corpo.

  2. Deus é inconsciente no mineral. 
  3. Deus é subconsciente no vegetal.
  4. Deus é semiconsciente no animal.
  5. Deus é egoconsciente no intelectual.
  6. Deus é pleniconsciente no espiritual.
  7. Deus é oniconsciente em si mesmo.

  8. Se Deus não fosse imanente em suas obras, ninguém o poderia amar com as faculdades do coração, da mente e do corpo. 
  9. Como Verdade, Deus é Transcendente.
  10. Como Beleza, Deus é Imanente. 
  11. Quando a Verdade e a Beleza se fundem numa grandiosa sinfonia, surge a estupenda Poesia do Cosmos, síntese de Verdade e Beleza.
  12. A Verdade é infinitamente bela.
  13. A Beleza é profundamente verdadeira.
  14. Por isso, a Vida Eterna é necessariamente a eterna Beatitude, porque nasce do consórcio do Verdadeiro e do Belo, que é Amor.

  15. Enquanto o “amar Deus” é apenas um preceito ético, um dever, um imperativo categórico da consciência moral, não despertou ainda a alma do amor; só quando esse “amar a Deus” deixa de ser um compulsório dever e se transforma num espontâneo querer, numa luminosa compreensão, num irresistível entusiasmo – então é que o homem entra no “gozo do seu Senhor”.
  16. Então sabe ele que é amor.
  17. Sabe o que é o Cristo.
  18. E sabe o que é ele mesmo.
Citações do Livro: ASSIM DIZIA O MESTRE de Huberto Rohden
Páginas 6, 7 e 8 e 17!

Notas:
Os livros de Huberto Rohden continuam sendo editados, mas não sei se todos - de qualquer forma encontramos muitos na Estante Virtual e achei também um link onde se pode ler alguns (ou todos?) em forma de "slide show" - segue abaixo link do livro 
ASSIM DIZIA O MESTRE
E quem for bem corajoso que leia o prefácio do livro a seguir até o final - isso é importante:
O QUE VOS PARECE DO CRISTO?

Importante: Não tenho interesse pessoal nenhum em desfazer da fé de cada um - seja qual for - por isso não me interessa discutir a respeito, mas aos que se sentirem insatisfeitos com sua fé, ou com a costumeira interpretação da Bíblia, ou em relação a vida espiritual em geral, sugiro lerem as obras de Rohden, pois ele não tem só estudos sólidos, mas experiências sólidas e disso resultou uma sabedoria ímpar! 


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